Sesi: futebol sim, atletismo, quem sabe
Assisti estarrecido matéria na TV Record sobre a liberação do estádio do Sesi para jogos do Metropolitano, última tentativa de sustentação do futebol profissional de Blumenau. Até aí nada demais, não foi isso que me impressionou. É a enésima tentativa da capital do esporte catarinense para ter um time forte e representativo.
Fiquei invocado foi com o estado da pista de atletismo que circunda o gramado daquele belo complexo esportivo e que, pelo jeito, não será inaugurada tão cedo. A enchente do ano passado afetou o material sintético e caríssimo utilizado na sua construção. Vi um monte de areia, material de construção e um caminhão sobre a parte intacta que sobrou do piso. A repórter nem se deu conta, o foco da sua matéria era a vistoria do Corpo de Bombeiros para liberar o estádio.
É triste uma cidade com a grife esportiva de Blumenau, um estado como o nosso, berço generoso para tantas modalidades bem sucedidas, não ter até hoje uma pista sintética de atletismo. A primeira, construída em Itajaí para os Jogos Abertos, numa jogada política que envolveu o então PFL e a Univali, está abandonada, sem condições de uso e com suas benfeitorias depredadas. Há outra prometida para Jaraguá do Sul, que tem sua imensa Arena utilizada somente pelo futsal da Malwee. O mesmo acontece em Brusque com uma Arena gigantesca de muita serventia e pouco uso.
Em Florianópolis, onde o esporte de rendimento está limitado ao vôlei “estrangeiro” e ao futsal mantido a custa de muito esforço de abnegados, nenhum espetáculo de grandes dimensões pode ser realizdo pela falta de local decente. Parece que não passamos dos tempos áureos da FAC, ali na Avenida Hercílio Luz. O melhor que conseguimos foi o ginásio do Instituto Estadual de Educação, ainda assim reformado logo depois de inaugurado.
É assim que funciona. As instituições públicas responsáveis (?) pela liberação de recursos para o esporte catarinense não se preocupam com os resultados dos seus investimentos. Verdadeiras fortunas são gastas em equipamentos do porte de pista sintéticas nunca inauguradas e destas arenas gigantescas sub-utilizadas. A política e, no caso um futebol sem futuro, estão acima de qualquer tipo de zelo pelo bom uso do nosso dinheiro.
O que nos mantém no compreensível, mas injustificável atraso em se tratando de competições de atletismo, disputadas até hoje em anacrônicas pistas de carvão e de outros materiais utilizados para disfarçar o descaso de nossas autoridades políticas e esportivas.
A pista do Sesi até se entende que esteja naquele estado, afinal a água inundou tudo por ali. Duro mesmo é ver a pista do Engenhão, que foi usada no Pan, entregue aos cravos das chuteiras dos jogadores. Imagino o estado que deve estar o piso da pista, com tanto maltrato.